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Novo estudo do TCE/SC mostra eficácia das medidas de restrição social e aponta cenário para regiões do Estado

qui, 09/07/2020 - 14:15
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O mais recente estudo do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) sobre a Covid-19 concluído na última sexta-feira (3/7) e que serve para embasar gestores na tomada de  decisões relacionadas à pandemia apresentou dados regionais significativos: o primeiro, de que o cenário de combate ao novo coronavírus é mais preocupante nos municípios do Oeste do Estado e da Foz do Rio Itajaí; o segundo, de que a Serra e o Meio Oeste estão com resultados abaixo do esperado das políticas públicas de controle da pandemia; e, por fim, que Alto Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Planalto Norte, Nordeste e Sul estão relativamente mais eficazes.

Neste terceiro relatório, os dados gerais do Estado apontam que o isolamento social foi capaz, até o momento, de reduzir em 52,7% o número de mortes, muito em função das medidas mais restritivas adotadas na Grande Florianópolis e ações na região Sul, que puxaram o percentual para cima. Mesmo assim, a estimativa é de que  Santa Catarina tenha até o dia 14 de julho cerca de 35,2 mil casos e registre perto de 500 mortes - o estudo avaliou dados coletados até o dia 24 de junho, quando o Estado já registrava um viés de alta no números.

O relatório também aponta que quase 70% dos registros de casos feitos pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) constam como pacientes sintomáticos e que o tempo médio de internação por Covid-19 em UTIs de Santa Catarina é de 12,84 dias. Adicionalmente, 6,08% dos casos confirmados levaram à internação e 1,96% das pessoas infectadas necessitaram de UTI.

“Nosso objetivo tem sido o de abastecer os gestores públicos com informações que possam auxiliá-los a tomar decisões estratégicas relacionadas ao controle da pandemia”, explica o conselheiro Luiz Eduardo Cherem, coordenador da Câmara Técnica que acompanha a situação da Covid-19 dentro do TCE/SC e ex-secretário da Saúde em Santa Catarina. 

Para o auditor fiscal de controle externo Silvio Bhering Sallum, autor do estudo, Santa Catarina, de uma forma geral, obteve resultados relativamente eficazes até agora por ter adotado medidas restritivas nos primeiros dias de registro da epidemia no país. “O que apresentamos é uma avaliação da eficácia das políticas públicas no controle da curva de contágio e o reforço de que gestores e cidadãos precisam participar do debate técnico a que o estudo se propõe a manter ”, afirma Sallum, que desenvolve o trabalho em parceria com o professor-doutor Francis Petterini, da UFSC.

“É importante que o resultado aqui apresentado não seja utilizado como justificativa para medidas mais brandas de combate ao coronavírus. Ao mesmo tempo que o cenário de mortes se encontra relativamente favorável, o cenário de casos é crescente, e o potencial de uma rápida inversão nos resultados é totalmente factível”, conta a diretora de Atividades Especiais do TCE/SC, Monique Portella. 

Resultados regionais
O trabalho realizado pelo TCE/SC divide o Estado em sete regiões, as mesmas aplicadas pela Secretaria de Estado da Saúde: Alto Vale do Itajaí, Foz do Rio Itajaí, Grande Florianópolis, Grande Oeste, Meio Oeste e Serra Catarinense, Planalto Norte e Nordeste e Sul Catarinense. A Grande Florianópolis é a região com maior população (1.209.818 pessoas); Foz do Rio Itajaí possui a maior densidade populacional (489 habitantes por km2), a menor quantidade de leitos por mil habitantes (1,48: 1.059 leitos para 715 mil habitantes) e a maior proporção de idosos (19,41%8). 

Alto Vale do Itajaí
O Alto Vale do Itajaí vem se mostrando relativamente eficaz no achatamento das curvas de casos confirmados e mortes. Foram 2.139 casos confirmados e 24 mortes até o dia 24 de junho, mas a curva de casos e mortes sintética apontou para um total estimado de 3.937 casos e 47 mortes. Isto é, as ações locais da região foram relativamente eficazes no sentido de reduzir aproximadamente 1.800 casos e 23 mortes (ou 45,7% e 48,9% do estimado, respectivamente). 

Foz do Rio Itajaí
Os resultados do controle sintético indicam um cenário preocupante para a macrorregião de Foz do Rio Itajaí. Durante semanas, a curva sintética de casos e mortes se encontrava acima das curvas reais para a região. Mas no último mês para casos e na última semana para mortes, as curvas reais ultrapassaram as curvas sintéticas. Até o final do período analisado, foram 4.037 casos confirmados contra 1.489 estimados (uma diferença de 2.548 a mais de casos que o total estimado) e 66 mortes registradas contra 56 estimadas, indicando uma ineficácia relativa no controle das curvas na região adicionada a uma tendência de piora no cenário local.

Grande Florianópolis
O estudo indica alta similaridade na média das covariáveis entre Grande Florianópolis e os resultados sintéticos e também demonstra a eficácia relativa da região no achatamento das curvas de casos confirmados e mortes. Entretanto, a aproximação das curvas reais e sintética de casos confirmados preocupa, demonstrando que, mantendo tudo constante, em breve a curva real ultrapassará a curva sintética. Foram 3.030 casos estimados contra 2.679 casos confirmados até 24 de junho (redução de 11,6%). Uma boa estatística para a macrorregião diz respeito ao gráfico de mortes: registraram-se 32 mortes até o fim do período analisado, enquanto a curva sintética de mortes estimou 221 óbitos, indicando uma alta eficácia relativa das ações locais na redução de 189 mortes, ou 85,5% do total estimado.

Grande Oeste
Observa-se alta similaridade nas médias das covariáveis entre o Grande Oeste e os dois resultados das curvas sintéticas. Os dados mostram uma forte sobreposição das curvas nos primeiros 14 dias, estando o total de casos no Grande Oeste abaixo da curva de casos sintética até o 45º dia após a primeira confirmação. Depois desse dia, a curva real de casos dispara, fechando o período com 4.668 casos confirmados contra 1.228 estimados (um aumento relativo de 3,8 vezes). Já a curva real de óbitos confirmados na região sempre esteve acima da curva sintética, com um diferencial de sete mortes no final do período (48 reais contra 41 mortes estimadas). 

Meio Oeste e Serra
A macrorregião do Meio Oeste e Serra catarinense apresentou um resultado sintético com níveis superiores de balanceamento nos primeiros 14 dias que nas covariáveis. A região demonstrou diferentes níveis de eficácia relativa nos modelos de casos confirmados e mortes. Enquanto a real curva de mortes está mais achatada que a curva estimada, a real curva de casos se encontra acima da curva estimada, embora com diferença decrescente nas últimas semanas observadas. No final do período, foram 2.725 casos confirmados contra 2.616 casos estimados e 23 óbitos registrados contra 36 estimados. Uma vez que a contagem de mortes tende a ser menos suscetível a subnotificações, pode-se dizer que a região se encontra em uma posição pouco acima do eficaz, embora tal afirmação seja passível de ponderações. 

Planalto Norte e Nordeste
Os resultados apontam para uma eficácia relativa na macrorregião no que diz respeito ao achatamento das curvas de casos e mortes pela Covid-19. Até o dia 24 de junho, eram 2.346 casos confirmados na região contra 2.550 estimados para o mesmo período. A diferença nas mortes registradas versus o total de mortes estimadas foi de 32,9% (49 mortes observadas contra 73 mortes estimadas). Todavia, assinala-se que, nos últimos dias, a tendência tem sido de a curva de casos confirmados da região se aproximar da curva estimada, de forma que, mantida essa tendência, a curva real de casos da região em poucos dias ultrapassará a curva sintética. 

Sul
Com um ótimo balanceamento na média das covariáveis e nos primeiros 14 dias de observação, o Sul catarinense se encontra, até o dia 24 de junho, relativamente eficaz no controle de casos e mortes causadas pela Covid-19. Ainda que a diferença entre o total de casos confirmados e estimados venha reduzindo nas últimas semanas (situação análoga ao apontado na avaliação da Grande Florianópolis e do Planalto Norte e Nordeste), a diferença é positiva em ambas análises, mas preocupante. Foram 2.308 casos confirmados no período contra 2.581 estimados. Também semelhante ao observado na Grande Florianópolis, a curva real de mortes na macrorregião Sul se encontra bem abaixo da curva sintética: ou seja, uma diferença de 80 mortes (37 óbitos observados contra 117 estimados). Em outras palavras, as ações da população e gestões locais, em termos relativos com o observado em uma combinação de locais semelhantes, foram capazes de reduzir 10,6% e 68,4% casos e óbitos pela Covid-19.

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